quarta-feira, 25 de maio de 2016

Vale a pena comprar um Kindle?

Com a chegada da Amazon no Brasil, veio também a promessa de que em breve eles começarão a vender o Kindle aqui. Pode ser que quando você estiver lendo este artigo, ele já esteja à venda.
E é esperado que as pessoas se perguntem se vale a pena comprar um Kindle. E é sobre isso que vamos falar neste artigo, e vou dar a minha opinião com base na experiência que tenho usando meu Kindle há pouco mais de 2 anos.

Minha experiência com leitores eletrônicos

Desde que eu comprei meu primeiro Palm, nos idos do ano 2000, eu comecei a ler livros eletrônicos, ou ebooks, e me acostumei muito facilmente. Depois, quando migrei para meu iPhone, continuei com meu hábito, e depois também no iPad. Mas eu nunca gostei de ler no computador. Uma leitura rápida de algumas páginas até dá para encarar, mas ler um livro no computador realmente não me agrada, e eu nunca cheguei a conseguir fazer isso.
A grande desvantagem para mim de ler num dispositivo eletrônico era o cansaço dos olhos. Depois de algum tempo, minha vista ficava cansada e começava a me incomodar, e eu acabava parando de ler. Isso raramente acontecia com livros de papel.
Foi quando eu vi muitos usuários comentando sobre o Kindle, como ele “imitava” bem a leitura no papel, e resolvi experimentá-lo. Mesmo possuindo um tablet, e na verdade eu já comprava e lia os livros para Kindle no tablet, usando o aplicativo que a Amazon disponibiliza para várias plataformas, ainda assim eu achei que valia a pena experimentar pois eu gosto muito de ler.
De fato, no Kindle eu não tive mais problemas de cansaço na vista. Além disso, outros fatores fazem a leitura no Kindle ser muito melhor do que num livro de papel ou mesmo num tablet (falarei mais sobre isso a seguir).

O Kindle pode ser para você?

A primeira pergunta que eu te faço é: você gosta de ler?  Se a resposta é sim, então é muito provável que você goste do Kindle e que ele seja uma ótima aquisição para você. Se você não gosta muito de ler, eu diria que talvez seja melhor você pesquisar um tablet, onde além de ler você possa fazer outras coisas. Senão, é provável que você acabe encostando o seu Kindle por falta de uso.
Para quem gosta de ler, mas não gosta de ler no computador, não desanime, pois eu acredito que você pode gostar do Kindle assim mesmo: a ideia do Kindle é de substituir o livro em papel, agregando a tecnologia à sua experiência de leitura (mais detalhes no próximo tópico) mas tentando ainda ser fiel à leitura no papel. Ou seja, o Kindle tradicional (que é o foi lançado no Brasil)* procura dar uma experiência ao leitor que seja mais próxima a uma página impressa do que de uma tela de computador (na verdade, ele não tem nada a ver com uma tela de computador).

Vantagens e desvantagens

KindleO objetivo deste artigo é que eu compartilhe com você a minha experiência como usuária do Kindle para você avaliar se ele pode ser uma boa aquisição para você. Então para facilitar ainda mais a sua avaliação, vou colocar aqui uma lista de vantagens e desvantagens que eu percebi ao longo de quase 2 anos usando o meu Kindle.
O modelo que eu possuo é o Kindle Keyboard 3G (veja foto ao lado), que por enquanto não está previsto para ser lançado no Brasil. Este modelo tem um teclado físico, não tem tela touchscreen e tem acesso 3G gratuito. O modelo que foi inicialmente lançado no Brasil, chamado apenas de Kindle, não tem teclado físico e nem touchscreen, nem acesso 3G, apenas wi-fi.*
(Atualização: desde a publicação deste artigo, a Amazon lançou mais modelos de Kindle no Brazil. Para ver a lista dos modelos disponíveis por aqui, leia o artigo Conheça os modelos de Kindle atualmente vendidos pela Amazon)
Portanto a menos que eu mencione algo sobre um modelo específico, meus comentários são baseados no modelo que eu possuo.
Primeiro, vamos às vantagens:
  • A vantagem mais óbvia é a possibilidade de carregar centenas de ebooks dentro do Kindle, sem adicionar uma fração de grama ao peso dele.
  • Se comparado com um tablet ou smartphone, eu considero a grande vantagem do Kindle o fato de ele não cansar os olhos durante a leitura, e dar uma experiência de leitura mais agradável (note que isso não vale para o Kindle Fire, que é um tablet com tela iluminada tradicional). Eu, particularmente, acho até mais agradável do que o papel.
  • Outra vantagem do Kindle em relação a tablets e smartphones é que a tela dele não é tão reflexiva, ou seja, você pode ler seus livros ao ar livre, com o sol brilhando. Essa observação também não se aplica ao Kindle Fire.
  • Você pode escolher o tipo e tamanho da letra para a maioria dos livros, adequando o visual da página à suas preferências pessoais, tornando a leitura ainda mais agradável. Precisa de letras enormes? Não tem problema, bastam alguns cliques e você as terá.
  • Ter acesso a toda a estrutura que a Amazon criou para o Kindle como produto, como a sincronização dos comentários, marcações e destaques, acesso aos trechos destacados pelos outros leitores, a possibilidade de ler uma amostra de qualquer livro gratuitamente, dentre outras. Para mais detalhes, leia este post onde eu expliquei estas vantagens em maior detalhe.
  • Comprar um livro e recebê-lo imediatamente, sem pagar frete ou ter que ficar esperando por dias ele chegar para você começar a lê-lo. Assim que você faz a compra na loja virtual, aquele ebook já estará disponível para ser baixado no Kindle.
  • A duração da bateria, que é looooonga mesmo. Dá para ler bastante antes de precisar de uma recarga. Para economizar mais ainda, eu deixo sempre a conexão wireless desligada enquanto eu leio. Eu costumo ligá-la depois da leitura por alguns minutos apenas para fazer o sincronismo com a Amazon.
  • O grande acervo disponível na Amazon, mesmo na loja brasileira. Há livros que você não encontra mais em versão em papel, mas a versão para Kindle está lá, pois o estoque não acaba nunca. Eles só param de vender se a editora retirar o ebook. Se você não fala inglês, esta ainda não é uma grande vantagem para você, já que o número de títulos em português ainda é pequeno, mas com certeza esse número aumentará.
  • Os preços dos ebooks são geralmente inferiores aos preços dos livros físicos. No caso da loja americana da Amazon, existe ainda a grande vantagem de ser muito comum baixar os preços dos ebooks ou mesmo disponibilizá-los de graça, como uma estratégia de venda (falei sobre isso neste post). Aqui na loja do Brasil ainda não vi nada neste sentido, mas vamos torcer que isso comece a acontecer também.
  • Facilidade de manuseio. Na maioria dos casos, o Kindle é mais leve que um livro de papel, e com certeza é mais fácil de manusear. Você já tentou ler um livro de mais de 1.000 páginas? Depois de uns 10 minutos, a menos que você esteja lendo-o sentado numa cadeira com ele numa mesa, você já não consegue segurá-lo mais. Ler a noite, deitado na cama? Nem pensar. No Kindle? Sem problema nenhum, o peso dele é o mesmo não interessa quantas páginas o ebook tenha. Além disso, você não corre o risco de dobrá-lo ou amassá-lo. E quem já não precisou dar aquela lambidinha no dedo para poder mudar a página? Com o Kindle seu dedo vai permanecer bem sequinho, pois para mudar a página é só tocar na tela (todos os modelos de Kindle atuais tem tela de toque)**. Para você ter uma ideia, a Amazon coloca nas características do Kindle a expressão “read with one hand”, que quer dizer, “leia com uma mão”. É verdade, dá para ler qualquer ebook com uma mão.
  • Além das facillidades para adicionar anotações, marcar páginas, destacar trechos do livro, no Kindle você pode também fazer busca por palavras, o que é impraticável num livro de papel (onde o melhor que dá para fazer é consultar o índice remissivo, se o livro tiver um).
  • A possibilidade de você criar seu próprio ebook e levá-lo consigo. Isso mesmo, além dos ebooks da Amazon, você pode ler arquivos PDF, você pode também converter um arquivo em outro formato ou criar um ebook e transferí-lo para o Kindle.
  • Ele traz dicionários gratuitos. Se você encontrar uma palavra que não conhece, basta marcá-la e ele a procurará no dicionário automaticamente. Vale ressaltar que na primeira vez em que você pesquisar uma palavra numa língua qualquer, ele precisará de conexão à Internet para baixar o dicionário gratuito daquela língua. Vale também lembrar que são dicionários de sinônimos, e não de tradução de uma língua para outra. Ou seja, se você procurar uma palavra em inglês, verá o significado dela e seus sinônimos em inglês.
  • A Amazon também vende audiobooks que podem ser ouvidos no Kindle. Eu não vi ainda nenhum título de audiobook para Kindle na loja brasileira.

  • O meu modelo tem 3G gratuito, isso quer dizer que eu posso conectar na Internet com ele para comprar ebooks ou baixá-los em qualquer lugar onde o sinal esteja disponível, sem pagar mais nada por isso! Ele tem um browser experimental, bem básico e é lento, não dá para usar muito, mas quebra o galho para tarefas rápidas em sites que não tenham o visual muito complexo. Dentre os modelos atualmente comercializados no Brasil, há um modelo do Kindle Paperwhite com 3G disponível.**
Agora vamos às desvantagens:
  • Isso não chega a ser uma desvantagem em si, mas eu gostaria de ver mais opções para navegar na minha biblioteca. Você pode criar coleções e colocar os livros nelas, mas eu gostaria que houvessem formas de navegar por autor, título do livro, editora, etc.
  • O melhor do Kindle é para ler ebooks com textos. Se o livro que você quer ler contém muitas imagens, gráficos, etc, eu acredito que seja melhor lê-lo num tablet.
  • No caso específico dos modelos que não tem iluminação na tela, você vai precisar de luz externa para ler, como se fosse um livro mesmo (agora você acredita que ele realmente imita a página de um livro?). Compre uma daquelas luzinhas de leitura ou tenha um abajur ao alcance para ler a noite com a luz do quarto apagada. Ou compre o Kindle Paperwhite, que já vem com iluminação embutida (aí esta potencial desvantagem não se aplica). Embora estou colocando este item como desvantagem, ele é um efeito colateral de o Kindle procurar imitar a experiência de ler um livro de papel, e isso é bom.
  • Como todo dispositivo eletrônico, a bateria dele precisa ser recarregada. Ela dura muito, mas se você pretende ir para algum lugar onde não terá acesso a uma tomada elétrica com facilidade, talvez seja melhor levar um livro de papel. Eu não consigo pensar num exemplo para citar, pois aparentemente até nas prisões brasileiras existem tomadas para os presos recarregarem seus celulares ilegais, mas pode ser que você tenha alguma dificuldade com relação a isso, então vale o aviso.
  • O ebook, assim como vídeos e músicas comprados na Internet em formato digital, são licenciados para uso e não vendidos para o consumidor. Ou seja, não é como um livro de papel que você possui e faz o que quiser com ele. No caso do livro de papel, se você quiser, poderá emprestá-lo para um amigo, revendê-lo, doá-lo, etc. No caso do ebook, você tem uma licença de uso em seu nome, e não consegue passá-la para ninguém. A Amazon permite o empréstimo, que pode ser feito uma vez apenas por livro (e por enquanto só nos Estados Unidos), o que na prática é muito pouco. Se você tem o hábito de ler e reaproveitar o livro passando-o para outras pessoas, talvez ebooks do Kindle (ou de lojas que trabalham da mesma forma) não sejam a melhor opção para você (ainda).
Tenha em mente que, com exceção do Kindle Fire, o Kindle não é um dispositivo para você comparar com outros tablets, ele é um dispositivo de leitura de ebooks, e é isso. E ele faz isso muito bem. Portanto, o correto é você comparar a experiência de ler livros de papel com a experiência de ler ebooks no Kindle. Na minha opinião, ele é muito melhor do que os livros de papel.
Avalie estes pontos que eu coloquei, e com isso você terá uma ideia melhor se o Kindle pode ser uma boa aquisição para você. Para mim, foi uma aquisição excelente.


Fonte: Cris Ferreira / Vida sem papel

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