quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Efeito Lúcifer e o Experimento de Milgran – a raça humana como algoz de si mesma

Em 1971, a comunidade de psicologia ficou estarrecida com o experimento do psicólogo britânico Philip Zimbardo, tanto pelo desenrolar da experiência quanto pelos resultados assustadores em relação a onde a raça humana pode chegar quando o poder sobe à cabeça. Zimbardo, recém- empregado como professor de Psicologia da Universidade de Stanford e com o aval de uma das mais prestigiadas repartições das forças armadas norte-americanas, arregaçou as mangas e começou seu trabalho.
A Experiência da Prisão de Stanford contava com 24 voluntários mentalmente saudáveis que foram divididos em dois grupos: Guardas e Prisioneiros. Enquanto os “guardas” tinham como dever manter a ordem, aos “prisioneiros” foi dada a tarefa de rebelarem-se contra o sistema. O experimento que deveria durar 14 dias acabou durando apenas seis. Por quê?
Infelizmente o experimento provou o que o Dr. Zimbardo queria provar mais rápido do que ele esperava. No sexto dia, tudo já havia saído de controle – as agressões físicas, emocionais e psicológicas do grupo que representava os guardas sobre os prisioneiros começou a ir longe demais. Acredita-se que até mesmo Zimbardo tenha sucumbido ao “Efeito Lúcifer” (nome dado ao livro do médico sobre o estudo), uma vez que demorou a intervir e apenas assistia ao desenrolar da história.
O Efeito Lúcifer“Minos” por Gustave Doré
O termo “Efeito Lúcifer” faz referência a uma das parábolas cristãs, onde Lúcifer, do latim “Portador da Luz”,  se torna o que hoje algumas comunidades religiosas consideram como o Diabo.
O estudo se assemelha a uma experiência de 10 anos antes, do também psicólogo Milgran, que aborda o efeito da autoridade nas pessoas e como boa parte da raça humana prefere seguir às cegas as ordens de alguém (que represente autoridade de alguma maneira) do que usar o próprio cérebro, muitas vezes indo contra seu próprio código moral – pra quem quiser, vídeos sobre os estudos de Milgran podem ser facilmente encontrados no YouTube.
Stanley Milgran, em 1961, reuniu 40 voluntários na Universidade de Yale para sua experiência que, a priori, parecia simples e, para os mais otimistas, a premissa de um estudo fracassado. De um lado, um ator ligado a fios elétricos e demais aparatos preparados para lhe dar choques – ainda que não houvesse nenhuma corrente elétrica de fato. Do outro, os voluntários. Eram feitas perguntas de conhecimento geral ao ator que errava as respostas propositalmente. A cada rodada de perguntas os voluntários deveriam apertar um botão que daria choques, cada vez mais fortes, a cada resposta errada. O ator reagia aos falsos choques sempre que o botão era acionado.
O Efeito Lúcifer
Os resultados foram alarmantes: 65% dos voluntários prosseguiram até os choques de 450 volts – “letais”. Quando os voluntários hesitavam, Milgram dizia para que eles continuassem. Uma porcentagem ínfima se recusou a prosseguir e deixou a sala onde o experimento era conduzido, mas nenhum deles tentou ajudar a falsa vítima e muito menos denunciaram o que estava acontecendo naquele lugar.
Anos depois os estudos foram refeitos e, infelizmente, a taxa de 65% se manteve.
Dentre os fatos históricos que podem ser associados ao Efeito Lúcifer e à Experiência de Milgram sobre obediência a autoridades estão, obviamente, as repugnantes ações desencadeadas pelo Nazismo – ponto de partida para o estudo de Milgram que tentava entender como cidadãos normais se tornaram os algozes das “minorias” durante o regime de Hitler – a escravidão e, mais recentemente, as torturas sofridas por prisioneiros em bases militares ao redor do mundo, como por exemplo a Prisão de Guantánamo, em Cuba. Em 2009, após inúmeros escândalos envolvendo militares norte-americanos torturando prisioneiros, Barack Obama, recém-eleito presidente dos EUA, ordenou o fechamento da prisão.
Ainda entre o lodo existente entre as comprovações dos dois experimentos, estão grupos como o Estado Islâmico, o Hamas, a Al-Qaeda e o Boko Haram, que seguem doutrinas religiosas extremistas. Grupos de “Supremacia Branca”, como o Ku Klux Kan, também se encaixam no padrão.
O Efeito Lúcifer
Em 1988, Oprah Winfrey recebeu em seu programa membros do Ku Klux Kan – experiência que ela diz ter sido uma das piores de sua vida. Em 2011, dois dos participantes voltaram ao programa para se desculpar com a apresentadora. Mike, que na época defendeu o uso de extrema violência contra grupos de descendência africana, desta vez chorava compulsivamente no palco e disse sobre si mesmo: “Aquela criança estava completamente perdida”.
É comum, quando somos jovens, termos um código moral um tanto quanto maleável. Estamos tentando ser aceitos pelas pessoas “populares” e muitas vezes entramos em um perigoso jogo de autoridades respeitando pessoas que estão tão perdidas quanto nós. Infelizmente carregamos essa maleabilidade do nosso código moral até o em momento que sentamos com ele, revisamos cada palavrinha (até aquelas miudinhas no rodapé) e depois de muito rasurar, reescrever e desenhar um sorriso no cantinho, assinamos com uma caneta dourada e carregamos com honra um código de regras que nos faz sentido.
O Efeito LúciferNão seríamos nós responsáveis por criar um código moral íntegro que resista aos tempos difíceis? Por que estamos querendo que OUTROS deem o exemplo?
Será que não somos nós (eu e você) que começamos uma reação em cadeia quando jogamos o pequeno papel de bala no chão ou quando não ajudamos aquela senhorinha a subir no ônibus enquanto crianças assistem aquela cena onde ninguém ajuda ninguém e acabam carregando isso em seus códigos morais por toda a vida, passando pra frente o conceito de “tudo bem ficar só olhando sem ajudar”?
Não serão essas crianças nossos políticos e advogados? Não serão eles os NOSSOS médicos quando formos NÓS os idosos? Como estamos NÓS (e não o governo, o político tal, a fulana…) influenciando as crianças ao nosso redor? Não somos nós, a sociedade moderna, responsáveis por mudar o que está errado na sociedade moderna?
Levando em consideração o simples fato de que você é o ÚNICO representante de si mesmo em todo o universo,  que é você o responsável por 100% das suas ações, de todo ‘sim’ e ‘não’ que você profere, como você está contribuindo para um mundo melhor? Muitas perguntas? Muito confuso? Que decisões tomar?
A filosofia milenar havaina do Ho’Oponopono sugere que cada um de nós só precisa compreender um único conceito para atingirmos a paz mundial:
“A paz começa em mim.”
 Fonte: Afronte

Nenhum comentário:

Postar um comentário